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Apr.
25

2018

Entendendo a Páscoa Cristã

“Fazei, ó Deus, que o nosso coração corresponda a estas oferendas com as quais iniciamos nossa caminhada para a Páscoa”
(Missal Romano, I Domingo da Quaresma)


No tempo da Quaresma, a Igreja nos desperta de novo a necessidade de renovar nosso coração e nossas obras, de modo que descubramos, cada vez mais, esta centralidade do mistério pascal: se trata de que nos ponhamos nas mãos de Deus para progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa, uma vida nova.


Quaresma

São os quarenta dias que precedem a festa maior dos cristãos: a Páscoa de Jesus Cristo. Até o século VII, a Quaresma começava no Domingo da Quadragésima (o 40° dia que, na realidade, era o 42° dia antes da Páscoa). Tendo em conta os domingos durante os quais o jejum era interrompido, o número de dias até a Páscoa efetivamente era inferior a quarenta e, para continuar fiel ao simbolismo do número 40 (quarenta anos do deserto, quarenta dias de Jejum de Cristo), antecipou-se o começo da Quaresma para a Quarta-feira precedente ao Domingo da Quadragésima: Dia das Cinzas.

Na Igreja primitiva, esse era o tempo da última etapa de preparação do batismo para os adultos, chamados de catecúmenos, que o receberiam na noite da Páscoa. Nos quarenta dias, a Igreja incentiva a prática do jejum, da solidariedade com os pobres e da oração. É semelhante a um tempo especial de retiro espiritual. É o período de voltar para Deus, de reaquecer a fé, de mudança de vida e de superação de atitudes doentes e mesquinhas. Muitos ainda hoje se abstêm das carnes vermelhas, mas se esquecem dos pobres, agindo de forma hipócrita. Lembrava São Leão Magno: “É inútil tirar ao corpo a comida, se não tira da alma o pecado”. A intuição central da Quaresma é a mudança de atitudes e práticas favorecendo a solidariedade e a fraternidade.

Semana Santa

A semana que precede a Páscoa cristã é a Semana Santa, por apresentar a preparação mais próxima do evento maior do cristianismo durante o ano religioso. Começa com o Domingo de Ramos, quando se benzem ramos de oliveira ou de palmeiras e se lê o texto evangélico da entrada solene de Jesus em Jerusalém. O ramo bento que é colocado em uma cruz em cada lar ou sobre algum túmulo no cemitério, simboliza a força da vida e a esperança da ressurreição. A Igreja convida os fiéis a contemplarem os padecimentos do Cristo no caminho para o calvário.

Na Quinta-feira Santa, celebra-se o Ceia do Senhor, ou seja, a instituição da missa com a tradicional cerimônia de “Lava Pés”. Ao fim da missa, tem início a cerimônia da adoração do Santíssimo Sacramento.

Na Sexta-feira Santa, não se celebra missa ou qualquer sacramento. É dia de silêncio, recolhimento e de comungar as hóstias consagradas na véspera. Após a leitura do relato da Paixão, realizam-se as procissões da Via-Sacra ou Caminho da Cruz, com suas quinze estações. Faz-se também as grandes preces da Igreja pelo mundo e a adoração da cruz, que nasceu em Jerusalém e foi absorvida em Roma no século VII. Ao final da cerimônia, oferece-se a comunhão eucarística.

A última noite da semana é a chamada Vigília Pascal ou Sábado Santo e, normalmente, é celebrada na noite ou madrugada do Domingo de Páscoa. Essa festa é móvel, sendo celebrada no primeiro domingo depois da lua cheia do outono. Ao meio-dia desse sábado, costuma-se “malhar o Judas”, ou seja, bater queimar um boneco de pano. Tal atitude representa o repúdio dos cristãos à traição de Judas Iscariotes, que vendeu seu mestre aos algozes.

Páscoa

De origem latim, a palavra Paschalis deriva-se da palavra hebraica Pessah, que quer dizer passagem. Este nome designa-se à festa judaica da saída do povo do Egito, conduzido por Moisés. É celebrada anualmente na primeira lua cheia depois do outono, no Hemisfério Sul, com a Ceia pascal e o cordeiro imolado, ervas e pão ázimo.

Para os cristãos, simboliza a festa central da Ressurreição de Jesus de Nazaré, no ano 30 da Era Cristã, que é celebrada durante o tríduo pascal, da ceia da quinta à madrugada do domingo pascal. Na ocasião, ocorre a Vigília Pascal, com as leituras bíblicas, a celebração do fogo novo, o acender das velas e do Círio Pascal, a bênção da água, o batismo de adultos e a solene consagração eucarística do pão, que é Jesus vivo e verdadeiro no meio de Deus, entoando o hino latino Exultet.

Os símbolos populares

Tradicionalmente, alguns ovos coloridos são oferecidos como alimento no dia de Páscoa. Alguns deles são artisticamente trabalhados e pintados. De maneira particular, lembramos a beleza dos ovos de Páscoa dos ucranianos e poloneses. Os ovos são símbolos da vida em germe, que está a ponto de eclodir. Antigamente, eram consumidos aqueles que foram postos durante a Semana Santa, especialmente na Sexta-feira Santa, por serem considerados detentores de virtudes especiais na prevenção de febres malignas ou de pestes mortíferas. A tradição medieval na Quaresma proibia o povo de comer "carne vermelha, doces e ovos". Portanto, os ovos de Páscoa representam um símbolo festivo do final da quarentena em que ficamos de regime. Remetem simbolicamente ao ovo primitivo, do qual nasceu e surgiu o universo vivo. É sinônimo do Cristo que ressurge das trevas da morte como o grande vencedor do mal e da finitude mortal dos humanos.

E o chocolate?

Denominado cientificamente de Theobroma cacau (que quer dizer "o néctar dos deuses"), o cacau era considerado um alimento divino dos maias e astecas. Seu sabor e sua força energética sempre foram reconhecidos em toda a Europa. Ao ser mesclado com leite e assumir o formato oval, representou a força rejuvenescedora da vida, que está latente no ovo mesclado à energia saborosa do chocolate. O ovo de chocolate é, portanto, o símbolo da vida que se multiplica e alimenta nossa fragilidade. Não substitui a vida real e o encontro com Deus em Jesus. Só deveria ser uma boa lembrança desta vida que nasce e renasce. Que morre e ressuscita. O fundamental não é o chocolate, mas sim estar em Jesus Cristo e viver de tal modo a vida, que ela seja sinal do amor e prática da justiça entre os irmãos. Esse é o verdadeiro sentido e o valor central da Páscoa. Aprender a viver em Deus.

Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegramo-nos e nele exultemos! (Salmo 117/118)

Jesus Vive! Feliz e abençoada Páscoa!

Wagner Melo de Oliveira
Coordenador da Pastoral e professor de Ensino Religioso

*Fonte: CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e “O Mensageiro de Santo Antônio”, nº5 ano 2012 (Com adaptações).